Tenho paixão pela Hillary Clinton, e sua recondução ao senado americano certamente dará aos EUA a sua primeira presidenta em 2008.
Enquanto acessava a Reuters para saber do resultado das eleições americanas conversava no Messenger, no "Consultório Sentimental".
E me lembrei da Claudinha, a namorada. Do tempo que a gente gastava no telefone jogando conversa fora.
Custava pouco a ligação e não existia o MSN.
Um "boa noite" levava duas horas, um "oi" uma eternidade.
Ficávamos ali pendurados ao telefone como dois bestas.
Falávamos de qualquer besteira que viesse a cabeça regando a sorrisos cada palavra. Era como se estivéssemos drogados.
Não éramos ingênuos. Em nossos papos permeavam a malícia, a sacanagem embora a linguagem que usávamos pudesse ser usada em qualquer convento.
Tínhamos um tipo de código secreto que só nós dois entendíamos. Qualquer ruído, pigarro ou atchim tinha um significado maior que a palavra.
Acho que naquele tempo éramos o máximo da ansiedade.
Não queríamos perder um só momento, deixar de lado a sensação que experimentávamos namorando.
Antes do nosso namoro Claudinha era amiga da minha namorada, vizinha de porta. Nunca ousei dar em cima dela. Olhava de rabo de olho tudo que tinha de gostoso, mas sem dar bandeira.
Sua maior sedução era o sorriso, boca larga tipo Cicarelli. Falava dengosa, manso, quase que pausadamente.
Tentava evitar a intimidade uma vez que ela me parecia meio loura-burra, e de mulher burra queria distância.
Até que um dia a amiga, vizinha minha namorada não estava em casa e ela bateu à minha porta para saber a informação.
Como tudo na vida que é represado nosso primeiro encontro explodiu em tesão. Acho que na terceira frase que dissemos um ao outro já estávamos fazendo amor.
Meu namoro com sua amiga, ou melhor, com a minha vizinha era meio superficial. Rolava geralmente nas madrugadas quando ela batia a minha porta trêbada querendo comer macarrão.
Era o máximo! Uma macarronada e uma trepada.
Poucas vezes saímos juntos e quando muito conversávamos à porta.
Por isso Claudinha entrou na minha vida como um furacão, o complemento que faltava. Havia romance em nossa relação. Foi preciso uma única e derradeira ida pra cama pra gente se apaixonar. Nosso romance se caracterizou por isso, uma única trepada, mas infinitas horas ao telefone pra sussurrar, pra delirar.
Foi quando meu tempo começou a se tornar escasso, e ela a me procurar freneticamente pelo pager, pedindo pra que ligasse imediatamente a qualquer hora, por qualquer motivo.
Logo, logo a relação começou a terminar. Desliguei o pager, troquei o número do telefone, e pronto.... Acabou!
Que diferença de hoje, dos tempos da internet em que as comunicações são tão instantâneas, e instantaneamente se interrompem.
Não se ouve a voz, não se percebe não se toca.
As relações acontecem de maneira fria, sem sentido, como se fossem histórias contadas para leitores com limitações visuais.
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Tuesday, November 07, 2006
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